Embora a influência das
religiões Afro-brasileiras sejam mais explícitas nos grupos de Maracatu de
Baque Virado e Afoxé, uma vez que utilizam seus repertórios, ritmos e letras
típicos dos terreiros de Xangô, e seus integrantes se apresentam com roupas no
estilo africano ou religioso (torços, braceletes, pano-da-costa, fios de
conta), outras manifestações como o Maracatu de Baque Solto, os Caboclinhos, as
Escolas de Samba, o Urso, o Boi de Carnaval, as Troças, os Blocos de Pau e
Corda, os clubes de Bonecos e os Clubes de Frevo também possuem uma forte
ligação com aquele tipo de prática religiosa.
A Troça Carnavalesca Mista Abanadores do Arruda, por exemplo,
expressa sua devoção aos orixás nas cores de algumas fantasias e no Estandarte.
O vermelho e o verde revelam a relação do grupo com o orixá Ogun- conhecedor de
metalurgia e do poder de transformação do ferro em armas e utensílios,
necessários às guerras e à agricultura.
Claudio Brandão,
presidente do Clube de Boneco Seu
Malaquias, reforça o pensamento anterior quando afirma que “as cores do
boneco são vermelha e branca porque meu avô gostava de Xangô. E meu pai disse
pra eu sempre manter essa tradição”.
Nesse sentido, no período que antecede a
festa, alguns líderes de Agremiações, com o propósito de preservar os
fundamentos do grupo e sua memória religiosa, iniciam o chamado “ritual de
proteção do brinquedo”, também denominado como “calço”, que pode ser individual
ou coletivo. Uma espécie de limpeza espiritual, com a intenção de resguardar,
prevenir do mal durante toda a festa.
RIBEIRO, Mário - Catálogo das Agremiações Carnavalescas do Recife e Região Metropolitana. p.26; Prefeitura do Recife - 2009.
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