Em janeiro de 2014, a CASA DO CARNAVAL inicia o projeto Histórias dos Mestres. Uma ação
sistemática, na qual reservamos o espaço da web para socializar as histórias de
vida dos mestres que protagonizam diferentes grupos de expressões culturais na
cidade. Cada postagem documenta trajetórias que representam um tempo vivido e
nos aproxima de experiências sociais classificadas durante anos como não
oficiais. Acreditamos que ao compartilhar as histórias desses personagens,
estaremos contribuindo para a formação de novos públicos, a salvaguarda da
memória das expressões populares e a possibilidade de escrever novas páginas
sobre a cidade do Recife. Vamos conhecer essas histórias?
Se não for por amor não vai em frente.
Eu não tenho casa, quem tem é o maracatu, eu tenho a comunidade dentro da minha
casa, cuidando das coisas do maracatu. Quando eu vejo aquele batuque do
maracatu na rua, chega a doer, eu choro de emoção. (Elda Viana)
Elda Ivo Viana, mais conhecida como Mãe Elda
de Oxóssi é Ialorixá e rainha do Maracatu Nação Porto Rico. Viúva por seis
vezes, criou seus filhos e comprou seu barracão com a venda de frutos do mar na
Praia do Pina, dando “aulas de reforço para crianças”. Hoje, Dona Elda promove
diversas atividades culturais na comunidade. Diz ela que os vizinhos reclamam
quando não há ensaios das agremiações, nem festa no seu barracão, pois todos se
envolvem direta ou indiretamente: a vizinhança, seus filhos, noras, genros,
outros parentes e filhos da religião.
A Ialorixá declara que sua marca no maracatu
foi a construção de uma grande sede erguida por ela, a qual funciona como
residência e barracão, ocupando um quarteirão do bairro. No local são guardadas
centenas de fantasias e adereços do maracatu e do Urso Zé da Pinga - agremiação
fundada por ela, Edileuza (sua filha biológica e atual presidente da
agremiação), entre outras pessoas. Destaca ainda que foi ela quem introduziu
ricas vestimentas no maracatu e que seu filho Chacon “modificou a batida do
baque virado”, diferenciando-o dos demais grupos recifenses. Dona Elda é a
única Rainha de Maracatu viva, coroada ainda com as bênçãos da Igreja Católica.
Aquelas que a precederam foram coradas em cerimônias realizadas dentro do
Candomblé.
Fonte:
SILVA, Claudilene
Sem elas não haveria carnaval: mulheres do carnaval do Recife/ Claudilene Silva; Ester Monteiro de Souza. - Recife: Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2011. p.62.
Sem elas não haveria carnaval: mulheres do carnaval do Recife/ Claudilene Silva; Ester Monteiro de Souza. - Recife: Fundação de Cultura da Cidade do Recife, 2011. p.62.
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